quarta-feira, 16 de julho de 2014

MÓDULO III

A IDEIA DE RAÇA

    O racialismo, considerado como o apanhado científico, que busca comprovar a subdivisão da raça humana em outras raças ou sub-raças, embasava-se pela fundamentação de que havia hierarquia entre as raças. Acreditava-se que as diferenças físicas entre os povos, que para os teóricos eram dimensíveis, definiam as diferenciações morais. Contudo, desconsideravam que muitas das diferenças físicas deviam-se as diversidades geográficas.

     A fundamentação científica da hierarquia de racial, justificou a Colonização da África pelos europeus durante séculos, causando a Escravidão de milhões de africanos, cujos resultados foram estendidos até a atualidade através dos conflitos internos, além do subdesenvolvimento africano. Esta teoria também baseou o nazismo, onde houve o extermínio de milhares de judeus, ciganos, deficientes e negros, pelos alemães, pois estes, liderados por Hitler acreditavam na superioridade da raça ariana.

   Esta teoria cientifica foi desmontada no século XIX, por meio dos embasamentos da antropologia moderna e posteriormente pelos estudos da genética desenvolvido pela ciência biológica, contudo o racismo ainda perdura em nossa sociedade, ocasionando segregação, intolerância e a violência.




MULHERES NEGRAS: DESIGUALDADES RACIAIS E SOCIOECONÔMICA


No Brasil, a partir do século XX as conquistas femininas avançaram significativamente, apresentando crescimento no nível de escolaridade, participação no mercado de trabalho, dentre outros avanços, que propiciaram a assunção de um novo papel na sociedade e assim, passaram a fazer parte da agenda governamental através de legislações especificas e do desenvolvimento de políticas públicas.  

O “novo papel” assumido pelas mulheres, que se tornaram chefes de família/pessoa de referência modificou as taxas de fecundidade, ocasionando no menor número de filhos mesmo para as mulheres com menor nível de escolaridade habitantes de áreas rurais. Quanto aos avanços na área da educação, observa-se que a partir da década de 90 as mulheres ultrapassaram os homens no ensino médio e superior, apresentando mais anos de estudo do que estes. O crescimento educacional somado as mudanças no mundo do trabalho, proporcionado pela industrialização e o processo de urbanização, foram fatores importantes para o crescimento do mercado de trabalho feminino.

Contudo, apesar dos avanços apresentados acima, quando comparamos os níveis/acesso a escolaridade, observamos que as desigualdades raciais perduram para além das desigualdades de gênero, onde mesmo as mulheres apresentando maior nível de escolaridade do que os homens, os brancos apresentam um melhor nível do que os negros.

Em relação ao mercado de trabalho, podemos afirmar que este apresenta elevadas desigualdades entre mulheres brancas e negras. De início podemos destacar como elemento fundamental para a manutenção deste processo de desigualdade, o período histórico da escravidão, período em que a mulher negra era escrava da mulher branca, era sua dama de companhia, mãe de leite de seus filhos e até mesmo amante dos seus senhores. Está relação de subserviência incide em nossa sociedade até os dias atuais, fato visível quando observamos quem são as babás, as cozinheiras, as diaristas, ou seja, quem são as mulheres que ocupam os postos de trabalho menos remunerados e com baixa visibilidade social no sistema capitalista.

Outro fator de manutenção desta desigualdade é a forma que se constitui o sistema econômico vigente, que enfatiza a estratificação social, através da desqualificação das mulheres negras nos processos de competição por trabalho, uma vez que as desigualdades de escolaridade geram as desigualdades de oportunidades no mercado de trabalho, formando um ciclo de desigualdade.

Diante dos fatos apresentados percebemos que a mulher negra no Brasil é vítima de tripla discriminação, por estar a baixo dos índices de discriminação de gênero e de raça, ocupando um terceiro patamar de desigualdade.

Contudo, apesar das dificuldades apresentadas, a partir dos avanços nas legislações e a inserção das questões de gênero na pauta governamental podemos lutar para alterar este quadro de desigualdades.


MOVIMENTO NEGRO E MOVIMENTO DE MULHERES


O movimento negro moderno surgiu no inicio do século XX, momento em que nasceram os primeiros protestos contra o preconceito racial nos jornais da chamada imprensa negra e nas associações que assumiram compromisso político pela igualdade.

Estes jornais, de forma crítica e política, passaram a discutir e disseminar as situações de preconceito racial vivenciadas pelos negros (as), de forma a provocar mudanças na cultura nacional.

As associações, dentre elas a Frente Negra Brasileira (FNB) constituída na cidade de São Paulo, foram importantes divulgadores da política antirracista. Estas instituições eram dirigidas pelas elites negras que possuíam um nível escolar diferenciado da maioria de seus integrantes que eram trabalhadores menos privilegiados. As organizações ofereciam espaços para lazer, estética, auxilio médico, funeral, dentre outras formas de proteção.

Dentre os movimentos negros do século XX destaca-se o Teatro Experimental do Negro (TEN), como forma de reconhecimento do valor da herança africana e da personalidade afro-brasileira, pois para o movimento não bastava a inclusão do negro por meio do embraquecimento social, mas sim pela valorização da ancestralidade africana do negro brasileiro, tendo como objetivo a inserção dos negros na comunidade política e econômica do país.

Os principais instrumentos utilizados pelo movimento negro foram o teatro, a imprensa, associações e grupos que propiciavam discursões sobre o tema, a educação, dentre outros instrumentos para a conscientização política e valorização do negro na cultura brasileira.

As mulheres destacaram-se nas representações teatrais, bem como na estruturação das associações negras, como a Frente Nacional Negra e o Teatro Experimental do Negro.
Contudo, as mulheres negras encontravam grandes empecilhos para ocupar posições mais privilegiadas, devido ao sexismo presente na sociedade patriarcal. Como trabalhadoras assumiam os empregos domésticos e de babá, ou seja, papeis herdados da herança escravista de ama de leite e mucama.

A partir da abertura democrática as mulheres negras passaram a se organizar e buscar políticas públicas voltadas para o seu recorte, pois além de sofrer o preconceito racial, também sofrem pelo sexismo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário