domingo, 30 de novembro de 2014

Tradução do livro

http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/historiadores-traduzem-unica-autobiografia-escrita-por-ex-escravo-que-viveu-no-brasil/
Leonardo Vieira | O Globo
capa_livro_escravo“Que aqueles ‘indivíduos humanitários’ que são a favor da escravidão se coloquem no lugar do escravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem sequer experimentar mais que isso dos horrores da escravidão: se não saírem abolicionistas convictos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição.”
As palavras são de Mahommah Gardo Baquaqua, ex-escravo nascido no Norte da África no início do século XIX e que trabalhou no Brasil antes de fugir das amarras da servidão em Nova York, em 1847. O trecho consta do livro “An interesting narrative. Biography of  Mahommah G. Baquaqua” (“Uma interessante narrativa: biografia de Mahommah G. Baquaqua”, em tradução livre), lançado assim mesmo, em inglês, pelo próprio ex-escravo, em Detroit, no ano de 1854, em plena campanha abolicionista nos EUA. A obra jamais foi traduzida para o português, permanecendo desconhecida do público brasileiro.
No entanto, com apoio do Ministério da Cultura e do Consulado do Canadá, o professor pernambucano Bruno Véras, de 26 anos, resolveu se debruçar sobre o documento, ajudado por outros dois pesquisadores. Ele viajou ao Canadá, onde buscou vestígios de Baquaqua e consultou os originais do livro, cuja primeira edição em português deve ser lançada no Brasil até o fim do ano que vem.

sábado, 25 de outubro de 2014

Casamento Gay

O casamento gay soa como uma ideia ultra-contemporânea. Mas há quase vinte anos, um estudioso católico em Yale chocou o mundo ao publicar um livro repleto de evidências de que os casamentos homossexuais foram sancionados pela Igreja Cristã durante uma era comumente chamada de Idade das Trevas.
John Boswell foi um historiador e religioso católico que dedicou grande parte de sua vida acadêmica ao estudo do tempo entre o final do Império Romano e início da Igreja cristã.
Analisando os documentos legais e da igreja a partir desta época, ele descobriu algo incrível.
Havia dezenas de registros de cerimônias da igreja, onde dois homens se juntaram em sindicatos que usaram os mesmos rituais de casamentos heterossexuais. Em compensação, não conseguiu quase nenhum registro de uniões lésbicas, o que demostra que a cultura é muito mais masculina.
Amparado por esta evidência, Boswell publicou um livro em 1994, um ano antes de sua morte, chamado de “Uniões do mesmo sexo na Europa pré-moderna”.
Era um para-raios instante de controvérsia, atraindo críticas da Igreja Católica e da comentarista de sexo Camille Paglia. Sabendo da visão atual da Igreja sobre o casamento gay, esses detratores argumentaram que a história de Boswell parecia uma ilusão.
Mas não era. Boswell na verdade começou sua pesquisa na década de 1970, e publicou um trabalho igualmente controverso em 1980 chamado Cristianismo, Tolerância Social e Homossexualidade: Pessoas gays na Europa Ocidental a partir do início da era cristã para o século XIV. Seu livro revela muito do que tinha aprendido ao longo de uma vida de pesquisa em fontes primárias em bibliotecas e arquivos espalhados.

Como esses casamentos foram esquecidos pela história?
Uma resposta fácil é que – como Boswell argumenta – a Igreja reformulou a ideia do casamento no século 13 para fins de procriação. Acadêmicos e funcionários da igreja trabalharam duro para suprimir a história desses casamentos, a fim de justificar sua nova definição.
Naturalmente, a história é mais complicada do que isso. Boswell afirma que parte do problema é que a definição de casamento hoje é muito diferente, que é quase impossível para os historiadores reconhecerem documentos de casamentos gays de 1800 anos atrás.
Muitas vezes, esses documentos referem-se a unir “irmãos”, que na época teria sido uma maneira de descrever parceiros do mesmo sexo, cujos estilos de vida eram tolerados em Roma.
Além disso, os casamentos mais de um milênio atrás não eram baseadas em procriação, mas na partilha da riqueza. Assim, o “casamento” às vezes significava uma união não sexual de duas pessoas ou de famílias. Boswell admite que alguns dos documentos que encontrou poderiam referir-se simplesmente ao fato da união não sexual de dois homens – mas também se referiu ao que hoje chamaríamos o casamento gay.
O jurista Richard Ante escreveu um artigo explicando que o livro de Boswell poderia até ser usado como evidência para a legalidade do casamento gay, uma vez que mostra a evidência de que as definições de casamento mudaram ao longo do tempo.
Ele descreve algumas das evidências de Boswell desses ritos do mesmo sexo, no início do primeiro milênio: “O rito do enterro dada para Aquiles e Pátroclo, os dois homens, era o rito do enterro de um homem e sua esposa. As relações de Adriano e Antínomo, de Polyeuct e Nearchos, de Perpétua e Felicitas, e dos Santos Serge e Baco, são semelhantes aos casamentos heterossexuais de suas épocas. A iconografia de Serge e Baco foi a mesma usada em cerimônias nupciais do mesmo sexo pela Igreja cristã primitiva”.
A principal evidência de que essas uniões do mesmo sexo eram casamentos é que eles eram muito parecidos com cerimônias heterossexuais. O literário erudito Bruce Holsinger descreve histórias detalhadas de Boswell de cerimônias do mesmo sexo: “[Boswell] inteligentemente coloca o desenvolvimento de escritórios nupciais heterossexuais e pessoas do mesmo sexo como um fenômeno único, acompanhando o crescimento deste último de ‘meramente um conjunto de orações’ na Idade Média antes de sua floração no século XII, que envolveu ‘a queima de velas, a colocação das mãos dos dois partidos sobre o Evangelho, a união de suas mãos direitas, a ligação de suas mãos … com estola do sacerdote, uma ladainha introdutório coroação, a Oração do Senhor, comunhão, um beijo, e às vezes circulando ao redor do altar’.
Boswell dedica um capítulo inteiro para comparar esses rituais com os seus homólogos heterossexuais, revelando uma série de semelhanças extraordinárias entre os dois, em vários apêndices, totalizando quase 100 páginas. Ele compilou inúmeros exemplos dos próprios documentos (incluindo cerimônias de matrimônio heterossexual e rituais de adoção) para permitir que ‘os leitores julguem por si mesmos’, como ele diz”.
Eram estas uniões do mesmo sexo na idade média a mesma coisa que casamentos gays de hoje? Provavelmente não. Pessoas da época podem não ter visto dois homens que formam uma união como algo fora do comum.
O próprio casamento significava algo diferente de milhares de anos atrás, e os tabus sociais contra a homossexualidade ainda não tinham solidificado. Ainda assim, na obra de Boswell, encontramos registros de instituições onde os casais do mesmo sexo foram homenageados com as mesmas cerimônias que os casais de sexo oposto. Dois homens podiam viver como irmãos, partilhando riqueza, casa e família. E sim, eles podiam amar uns aos outros, também.
Embora Boswell tenha morrido antes de seu país começar a permitir essas uniões, ele poderia se vangloriar por saber algo que a maioria das pessoas não conhecia. Mesmo os tipos mais fundamentais das relações humanas mudam com o tempo. Aqueles que foram banidos hoje pode ser abençoado amanhã – assim como eles eram mais de mil anos atrás.

Não se julga a aparência!


LGBTs

Hoje mais cedo, recebi de Bruno, um designer amigo meu, heterossexual e casado, a seguinte mensagem:

"Jean, hoje um primo meu extremamente reacionário cortou relações comigo porque viu uma foto minha com você. Ele disse que gays não deveriam nem ter direito de usar serviços públicos como o SUS. Achei ótimo cortar essa pessoa da minha vida... Mas tomei um susto por ter essa evidência viva que seres humanos assim ainda existem".

Sim, Bruno, eles existem aos montes. Sempre existiram. Nós, LGBTs, sabemos disso porque eles estão presentes diariamente em nossas vidas na forma do insulto, da injúria, da discriminação negativa e da violência mais dura, inclusive em nossas próprias famílias.

A diferença agora é que essa gente - que age por ignorância ou por um senso torto de "normalidade", mas também por uma certa crueldade eivada de inveja de nossa liberdade e prazeres - está se sentindo cultural e politicamente amparada para estender seu ódio mortífero também às pessoas amigas de LGBTs.

Você viu quais foram os parlamentares campeões de votos no primeiro turno das eleições? Você já ouviu os discursos de apoio de MAL-AFAIA e do PSC ao candidato Aécio Neves?


Homossexual para a Globo:
Branco, cis, elite, que pode ser gay sem problemas desde que as pessoas não saibam disso, não pode ter trejeitos femininos e tem que manter a postura de "macho" discreto sempre. Além de que pode ser ~curado~ por uma personagem que vai aparecer do nada na novela só pra mostrar que se ele provar da fruta a sexualidade dele pode mudar (como se sexualidade fosse algo mutável).
Sem contar a utilização de termos pejorativos e textos mal feitos que chegam a falar que "ser gay ta na moda" e o homofóbico que ta sofrendo horrorresssssssss, tendo problemas psicológicos e não pode arcar com a sexualidade alheia, AFINAL, HOMOFÓBICO SOFREEEEE NÉ?

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

http://www..anpuh.org/resources/anais/14/1308144162_ARQUIVO_Agnes_ferreira3_snh2011.pdf

Tema 3

A autodenominação remete a uma necessidade por parte dos moradores de retirar a visão
negativa de favela, do morro, da falta de segurança na tentativa de mostrar e tornar para eles 
mesmos uma realidade a empreitada de sua transformação social, política, econômica, 
ideológica.
Nesse sentido, no Território do Bem, as comunidades já possuem um grande grau de 
articulação, algumas mais, outras menos, facilitado por instrumentos de planejamento 
estratégico – o Plano Bem Maior – e de fórum – Fórum Bem Maior –, com especial 
envolvimento no movimento popular de moradia. 
O fórum busca empreender ações coletivas que assegurem maior força de negociação, 
reivindicação e debate político, observando-se o exercício de cidadania, inclusive com 
participações no Conselho Popular de Vitória, audiências públicas, orçamentos participativos; 
ou seja, o fórum promove a organização e participação de seus moradores com plena sapiência 
da complexidade política a que estão arraigados. 
O Fórum Bem Maior é um espaço aberto de agregação e produção de conhecimentos múltiplos, 
debate de interesses e articulação de soluções comuns às oito comunidades no enfrentamento da 
desigualdade social, da segregação espacial, comprometido com a busca da melhoria da 
qualidade de vida e com a participação cidadã de seus moradores.
Dentre as dificuldades reais encontra-se a própria gestão dos canais de participação no processo, 
tendo em vista que o planejamento urbano e o urbanismo configuram uma ação pública.
Para tanto, é necessário que a sociedade civil se organize de forma autônoma e independente do 
Estado a fim de criar e realizar ações, estabelecer parcerias que fortalecem esse tipo de 
atividade; elaborar e propor projetos, atividades e políticas públicas; além de assegurar que o 
Estado cumpra as leis. Encontra-se aí a importância de se ter equipamentos e espaços que 
funcionem como canais de participação e de mobilização para esses grupos.