sábado, 19 de julho de 2014

2º Seminário da Mulher Negra será quinta-feira (24)

Módulo III

2º Seminário da Mulher Negra será quinta-feira (24)
Evento faz parte das atividades da Semana da Mulher Negra
Denys Lobo
Na próxima quinta-feira (24), será realizado o 2º Seminário em Comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra da Serra.

O evento, realizado pela  Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedir),  faz parte das comemorações pela I Semana Municipal da Mulher Negra, entre os dias 19 e 26 de julho.
O seminário acontecerá no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Laranjeiras, das 13h30 às 17 horas. O objetivo é estimular um espaço de reflexão, proposição e possibilidade de trabalho coletivo, visando uma sociedade mais justa e democrática sob o ponto de vista das relações de gênero e raça, além de homenagear o Dia Internacional da Mulher Negra, comemorado no dia 25.
As comemorações deste ano também celebrarão o centenário da escritora e compositora Maria Carolina de Jesus, uma mulher negra da periferia que resistiu aos preconceitos e conseguiu publicar seu livro de maior sucesso, Quarto de Despejo, em mais de 13 línguas.
Durante o seminário serão realizadas atividades como debate, poesia, exposição sobre a mulher negra, além de dicas de beleza e cuidados pessoais. A expectativa é que o evento reúna cerca de 100 mulheres

quarta-feira, 16 de julho de 2014

MÓDULO III

A IDEIA DE RAÇA

    O racialismo, considerado como o apanhado científico, que busca comprovar a subdivisão da raça humana em outras raças ou sub-raças, embasava-se pela fundamentação de que havia hierarquia entre as raças. Acreditava-se que as diferenças físicas entre os povos, que para os teóricos eram dimensíveis, definiam as diferenciações morais. Contudo, desconsideravam que muitas das diferenças físicas deviam-se as diversidades geográficas.

     A fundamentação científica da hierarquia de racial, justificou a Colonização da África pelos europeus durante séculos, causando a Escravidão de milhões de africanos, cujos resultados foram estendidos até a atualidade através dos conflitos internos, além do subdesenvolvimento africano. Esta teoria também baseou o nazismo, onde houve o extermínio de milhares de judeus, ciganos, deficientes e negros, pelos alemães, pois estes, liderados por Hitler acreditavam na superioridade da raça ariana.

   Esta teoria cientifica foi desmontada no século XIX, por meio dos embasamentos da antropologia moderna e posteriormente pelos estudos da genética desenvolvido pela ciência biológica, contudo o racismo ainda perdura em nossa sociedade, ocasionando segregação, intolerância e a violência.




MULHERES NEGRAS: DESIGUALDADES RACIAIS E SOCIOECONÔMICA


No Brasil, a partir do século XX as conquistas femininas avançaram significativamente, apresentando crescimento no nível de escolaridade, participação no mercado de trabalho, dentre outros avanços, que propiciaram a assunção de um novo papel na sociedade e assim, passaram a fazer parte da agenda governamental através de legislações especificas e do desenvolvimento de políticas públicas.  

O “novo papel” assumido pelas mulheres, que se tornaram chefes de família/pessoa de referência modificou as taxas de fecundidade, ocasionando no menor número de filhos mesmo para as mulheres com menor nível de escolaridade habitantes de áreas rurais. Quanto aos avanços na área da educação, observa-se que a partir da década de 90 as mulheres ultrapassaram os homens no ensino médio e superior, apresentando mais anos de estudo do que estes. O crescimento educacional somado as mudanças no mundo do trabalho, proporcionado pela industrialização e o processo de urbanização, foram fatores importantes para o crescimento do mercado de trabalho feminino.

Contudo, apesar dos avanços apresentados acima, quando comparamos os níveis/acesso a escolaridade, observamos que as desigualdades raciais perduram para além das desigualdades de gênero, onde mesmo as mulheres apresentando maior nível de escolaridade do que os homens, os brancos apresentam um melhor nível do que os negros.

Em relação ao mercado de trabalho, podemos afirmar que este apresenta elevadas desigualdades entre mulheres brancas e negras. De início podemos destacar como elemento fundamental para a manutenção deste processo de desigualdade, o período histórico da escravidão, período em que a mulher negra era escrava da mulher branca, era sua dama de companhia, mãe de leite de seus filhos e até mesmo amante dos seus senhores. Está relação de subserviência incide em nossa sociedade até os dias atuais, fato visível quando observamos quem são as babás, as cozinheiras, as diaristas, ou seja, quem são as mulheres que ocupam os postos de trabalho menos remunerados e com baixa visibilidade social no sistema capitalista.

Outro fator de manutenção desta desigualdade é a forma que se constitui o sistema econômico vigente, que enfatiza a estratificação social, através da desqualificação das mulheres negras nos processos de competição por trabalho, uma vez que as desigualdades de escolaridade geram as desigualdades de oportunidades no mercado de trabalho, formando um ciclo de desigualdade.

Diante dos fatos apresentados percebemos que a mulher negra no Brasil é vítima de tripla discriminação, por estar a baixo dos índices de discriminação de gênero e de raça, ocupando um terceiro patamar de desigualdade.

Contudo, apesar das dificuldades apresentadas, a partir dos avanços nas legislações e a inserção das questões de gênero na pauta governamental podemos lutar para alterar este quadro de desigualdades.


MOVIMENTO NEGRO E MOVIMENTO DE MULHERES


O movimento negro moderno surgiu no inicio do século XX, momento em que nasceram os primeiros protestos contra o preconceito racial nos jornais da chamada imprensa negra e nas associações que assumiram compromisso político pela igualdade.

Estes jornais, de forma crítica e política, passaram a discutir e disseminar as situações de preconceito racial vivenciadas pelos negros (as), de forma a provocar mudanças na cultura nacional.

As associações, dentre elas a Frente Negra Brasileira (FNB) constituída na cidade de São Paulo, foram importantes divulgadores da política antirracista. Estas instituições eram dirigidas pelas elites negras que possuíam um nível escolar diferenciado da maioria de seus integrantes que eram trabalhadores menos privilegiados. As organizações ofereciam espaços para lazer, estética, auxilio médico, funeral, dentre outras formas de proteção.

Dentre os movimentos negros do século XX destaca-se o Teatro Experimental do Negro (TEN), como forma de reconhecimento do valor da herança africana e da personalidade afro-brasileira, pois para o movimento não bastava a inclusão do negro por meio do embraquecimento social, mas sim pela valorização da ancestralidade africana do negro brasileiro, tendo como objetivo a inserção dos negros na comunidade política e econômica do país.

Os principais instrumentos utilizados pelo movimento negro foram o teatro, a imprensa, associações e grupos que propiciavam discursões sobre o tema, a educação, dentre outros instrumentos para a conscientização política e valorização do negro na cultura brasileira.

As mulheres destacaram-se nas representações teatrais, bem como na estruturação das associações negras, como a Frente Nacional Negra e o Teatro Experimental do Negro.
Contudo, as mulheres negras encontravam grandes empecilhos para ocupar posições mais privilegiadas, devido ao sexismo presente na sociedade patriarcal. Como trabalhadoras assumiam os empregos domésticos e de babá, ou seja, papeis herdados da herança escravista de ama de leite e mucama.

A partir da abertura democrática as mulheres negras passaram a se organizar e buscar políticas públicas voltadas para o seu recorte, pois além de sofrer o preconceito racial, também sofrem pelo sexismo.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Indicações bibliográficas : Módulo III

http://www.neab-proafro.uerj.br/referenciasbiblio/relraciais.pdf

Filmes que discutem sobre o Racismo


1. Escritores da Liberdade, Richard LaGravenese – EUA/ 2007/Comédia Dramática



Uma nova professora chega a escola tentando mostrar aos estudantes que aquilo que trazem de casa os das ruas faz sentido também dentro da sala de aula. Problemáticas como racismo, desigualdade social e exclusão social dão o mote do filme. Baseado em fatos reais, o longa mostra como a professora Erin Grunwell transformou a relação de aprendizagem  em uma escola dividida por tribos. Escola marcada pela resistência dos estudantes em lidar com as diferenças, é por meio da professora que a discussão de cor/raça é trazida para as atividades, que incluem escrever sobre a história de vida de cada um.

2. Vista a minha pele, Joel Zito Araújo & Dandara - BRA/2004/ Comédia



O vídeo ficcional-educativo traz em menos de 30 minutos uma paródia sobre como o racismo e o preconceito ainda são encontrados nas salas de aula do Brasil. Invertendo a ordem da história, o vídeo utiliza a ironia para trabalhar o assunto de forma educativa. Nele, negros aparecem como classe dominante e brancos como escravizados e a mídia só apresenta modelos negros como exemplo de beleza.

3. Cultura Negra – Resistência e identidade, Ricardo Malta – BRA/2009 /Documentário





O documentário, produzido pela da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), organizações sociais que combatem a intolerância religiosa e buscam por maior visibilidade da cultura negra. Um dos objetivos do vídeo é contribuir com o debate entorno da Lei nº10639/03, que torna obrigatório a inclusão do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e inclusão, no calendário escolar, do dia 20 de novembro como “Dia da Consciência Negra”.

4. Olhos azuis, Jane Elliot- 1968/EUA/Documentário




O documentário mostra como foi o trabalho desenvolvido pela educadora norte-americana Jane Elliot, que realizou atividades de conscientização tanto com crianças quanto com adultos brancos, em 1968. O vídeo mostra o processo de conscientização realizado durante as oficinas, no qual os brancos poderiam sentir a discriminação sofrida por negros.

5. Ao mestre com carinho, James Clavell, 1967/ EUA




Um engenheiro desempregado começa a lecionar em uma escola pública da periferia de Londres, formada por estudantes rebeldes e também racistas. Aos poucos, ganha a confiança, amizade e respeito dos alunos.

6. Mãos talentosas, Thomas Carter-2009/EUA/Drama



O filme conta a história de um menino pobre do Detroit. Desmotivado por tirar baixas notas na escola, era motivo de bullying de forma frequente. Incentivado a estudar pela mãe, que voltou a estudar já adulta, Ben Carson torna-se diretor do Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins aos 33 anos, em Baltimore, EUA.

7. Encontrando Forrester, Gus Van Sant – 2000/ EUA


O filme trata sobre a história  de Jamal, um adolescente do Bronx que vai estudar em uma escola de elite de Manhattan (EUA).  Mas continua sofrendo discriminação e preconceito por conta de sua cor. Com a ida, conhece o talentoso escritor William Forrester , que percebe seu talento para a escrita e o incentiva a prosseguir nessa área.

8. Mentes Perigosas, John N. Smith -1995/EUA/ Drama


A professora Louanne Johnsonganhar dinheiro com artesanato entra em uma escola da periferia norte-americana e é hostilizada pelos alunos. Percebendo que seu método de ensino não está funcionando Louanne passa a se envolver mais com a diversidade cultural de seus estudantes e, assim, percebe melhor as dificuldades que passam.

9. Entre os muros da escola, Laurent Cantet – 2008/ França/ Drama



François Marin  atua como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, na periferia de Paris, composta por estudantes de diversos países da África, do Oriente Médio e da Ásia. Ele e seus colegas docentes tentam buscar diversas ações para ensinar os estudantes, mas ainda assim encontram dificuldades, dada as condições socioeconômicas em volta da unidade escolar.

10. Separados mas iguais, George Stevens Jr – 1991/ EUA/ Drama



Baseado em fatos reais, “Separados, mas iguais” narra a disputa entre pais de alunos negros  e juízes do Condado de Claredon, na Carolina do Sul, no início dos anos 50. Na época, as escolas separavam os alunos brancos, que claramente tinham acesso à educação de maior qualidade acesso à verba para manter a estrutura das escolas.Um diretor da escola , tem o pedido de um ônibus escolar negado, com o apoio do pai de um de seus alunos, entra com processo contra o estado, alegando a inconstitucionalidade do país ao promover escolas diferenciadas para negros e brancos.

11. Sarafina – o som da liberdade, Darrell Roodt – 1992/África do Sul/Musical


Com Whoopi Goldberg no papel principal, o filme conta a história de uma professora sul-africana que não aceita ver seus estudantes se sentindo diminuídos. Em um processo educativo permanente, ela ensina seus alunos negros a lutarem por seus direitos e compreenderem a sociedade em que vivem, não esquecendo que podem diariamente transformá-la.

12. Preciosa, Lee Daniels – 2009/EUA/ Drama



O filme conta a trajetória de Claireece “Preciosa” Jones, uma garota negra que sofre diversas dificuldades. Quando criança, é abusada e violentada pelos pais. Cresce pobre e passa por uma série de discriminações por ser analfabeta e acima do peso. Após muita insistência pessoal e com a ajuda de uma educadora que muito acredita na sua possibilidade de mudança, Preciosa dá a volta por cima.

13. Alguém falou de racismo, Daniel Caetano – 2002/Brasil/Drama



O filme mistura trechos documentais e ficcionais para contar a história de um professor que decide provocar seus alunos a pensarem sobre o preconceito racial e a construção da sociedade brasileira que sistematicamente segregou negros e brancos.